Renault acaba com marca Mobilize e tira sucessor do Twizy de linha
A Renault decidiu puxar o freio de mão em suas ambições de se tornar uma provedora de serviços de mobilidade para focar no que realmente paga as contas: vender carros. A fabricante anunciou o encerramento dos programas de compartilhamento de carros e a descontinuação dos microcarros da divisão Mobilize, citando a falta de rentabilidade dessas operações.
A decisão atinge em cheio o Mobilize Duo, um quadriciclo elétrico considerado o sucessor espiritual do Renault Twizy. A produção do modelo, que havia começado apenas em abril deste ano (após um atraso de dois anos), será interrompida. A versão de carga, batizada de Bento, também foi cancelada.
–Divulgação/Renault
A reestruturação é profunda e marca o fim da era em que a Renault tentava diversificar receitas para além da manufatura tradicional. Os serviços de car-sharing operados sob a bandeira Zity, que funcionavam em cidades como Madri e Milão, serão encerrados em breve.
Segundo a empresa, essas atividades foram descontinuadas porque “têm perspectivas limitadas de lucratividade ou não servem diretamente às prioridades estratégicas do grupo”. A medida reflete uma revisão liderada pelo CEO da marca Renault, Francois Provost, que assumiu o cargo no último verão europeu e está ajustando a alocação de capital da empresa diante de um ambiente industrial difícil.
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–Divulgação/Renault
Além dos veículos e serviços de compartilhamento, a rede de recarga rápida da Mobilize sofrerá uma redução drástica de escopo. A meta ambiciosa de instalar 650 estações de recarga em toda a Europa até 2028 foi descartada.
O novo plano é muito mais modesto: o objetivo agora é ter cerca de 100 estações na França e pouco mais de 100 na Itália até o final de 2026. Projetos de expansão que estavam previstos para a Bélgica e Espanha foram abandonados.
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No entanto, a Renault não vai abandonar totalmente o setor. A marca manterá o desenvolvimento de tecnologias de Vehicle-to-Grid (V2G) e o serviço Charge Pass, que oferece acesso a 1 milhão de pontos de recarga na Europa. As operações de dados e a plataforma de software Glide continuarão sendo desenvolvidas internamente no Grupo Renault.
–Divulgação/Renault
A Mobilize foi criada em 2020 pelo CEO do Grupo, Luca de Meo, com a meta ousada de representar 20% do faturamento da Renault até 2030 através de serviços, reciclagem e dados. Contudo, a realidade do mercado se impôs.
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Além do fim precoce do Duo e do Bento, outros projetos da divisão já haviam falhado. O Mobilize Limo, um sedã elétrico fabricado na China e voltado para motoristas de aplicativo, nunca chegou a decolar como previsto. Já o conceito de van elétrica “Hippo” acabou sendo absorvido pela parceria da Flexis com a Volvo Trucks.
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Essa retração não é exclusiva da Renault. A indústria automotiva como um todo tem lutado para transformar serviços de mobilidade em negócios lucrativos. A Stellantis, por exemplo, estuda a venda de sua unidade Free2Move, enquanto BMW e Mercedes-Benz venderam sua joint-venture de transporte por aplicativo FreeNow.
A reestruturação resultará no corte de cerca de 80 dos 450 postos de trabalho da divisão Mobilize Beyond Automotive, com a empresa priorizando saídas voluntárias e realocações internas.
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